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sábado, 19 de novembro de 2011

Modelos Pedagógicos para Educação a Distância: pressupostos teóricos para a construção de objetos de aprendizagem

Resum:. O presente artigo apresenta uma discussão teórica em torno do conceito de modelo pedagógico para EAD e dos elementos que o compõem. Abordando elementos epistemológicos, propõe-se uma revisão do conceito de arquitectura pedagógica ampliando para o construto de modelo pedagógico. Esta discussão teórica constitui-se a base para a construção de um objecto de aprendizagem denominado ARQUEAD. Este visa ser um instrumento norteador na formação de professores para actuarem na modalidade à distância. Finalmente, apresenta-se o objecto de aprendizagem ARQUEAD desenvolvido pelo Núcleo de Tecnologia Digital aplicada à Educação (NUTED/UFRGS).

Dra.Patricia Alejandra Behar - NUTED/UFRGS -pbehar@terra.com.br
Dra.Liliana Passerino - CINTED/UFRGS- liliana@cinted.ufrgs.br
Msc.Maira Bernardi - NUTED/UFRGS - mairaber@terra.com.br

Palavras-chave: modelo pedagógico, educação a distância, objecto de aprendizagem

1. Introdução

Na última década, as Universidades Brasileiras estão passando por um processo de mudança muito significativo, no que se refere à introdução da educação a distância (EAD) no processo educacional. Pode-se dizer que está se vivendo um momento de transformação, onde os paradigmas presentes na sociedade já não estão dando mais conta das relações, necessidades e desafios sociais, e um novo modelo educativo está emergindo num processo ainda de construção. Está se rompendo com a idéia de uma sociedade centrada no trabalho para uma sociedade que dá valor à educação, dentro de uma nova totalidade, denominada em muitos contextos da Sociedade da Informação, ou ainda, em Rede. Portanto, se faz necessário investigar como está ocorrendo a passagem de uma Sociedade Industrial, que privilegia a cultura do ensino, para uma Sociedade em Rede, que dá ênfase a cultura da aprendizagem. Investigar quais são os elementos que se transformaram e continuam se transformando durante este período e quais entram em cena, ainda desconhecidos.

O modelo educativo vigente na sociedade Industrial privilegia o ensino tecnicista, tendo como função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis, de acordo com suas aptidões. Neste modelo, toda prática pedagógica vivenciada não

apresenta nenhuma relação com o cotidiano do aluno, pouco desperta a curiosidade, privilegiando o acúmulo de conhecimentos, valores e normas vigentes na sociedade de classe repassados de forma conteudista e desarticulada. Como resultado decorrente, o aluno passa a tornar-se desinteressado por não perceber o sentido daquilo que está sendo ensinado.

Na sociedade em Rede, aprender caracteriza-se por uma apropriação de conhecimento que se dá numa realidade concreta, isto é, parte da situação real vivida pelo educando apoiado na presença mediadora e gestora do professor compromissado com seus alunos e com a construção de conhecimentos, procurando responder ao princípio da aprendizagem significativa (Castells, 1999). Uma aprendizagem significativa pressupõe o oferecimento ao educando de informações relevantes, que possam ser relacionadas com os conceitos já ou pré-existentes em sua estrutura cognitiva e que acabam por influenciar na aprendizagem e no significado atribuído aos novos conceitos aprendidos.

Nesta perspectiva, o conhecimento é concebido como resultado da acção do sujeito sobre a realidade, estando o aluno na posição de protagonista no processo da aprendizagem construída de forma cooperativa numa relação comunicativa renovada e reflexiva com os demais sujeitos. Neste paradigma, a prática pedagógica considera o processo e as ações mais significativas que o produto deles resultantes.

Evidentemente que não é só por causa da introdução da Educação a Distância (EAD) que está ocorrendo uma crise paradigmática na educação, mas com ela fica mais evidente e clara a necessidade de realizar mudanças significativas nas práticas educacionais e, consequentemente, no modelo pedagógico. Portanto, pode-se dizer que um novo espaço pedagógico está em fase de gestação, cujas características são: o desenvolvimento das competências e habilidades, respeito ao ritmo individual, a formação de comunidades de aprendizagem, redes de convivência (Behar, 2005).

 Será preciso dar foco à construção, à capacitação, à aprendizagem, a educação aberta e à distância, na gestão do conhecimento. Assim, conceitos como construção do conhecimento, autonomia, autoria, interação, construção de um espaço heterárquico, de cooperação, respeito mútuo, solidariedade; centrado na actividade do aprendiz, identificação e solução de problemas passam a ser os alicerces deste novo modelo que está emergindo.

É neste contexto que a EAD entra em cena para auxiliar a resolver os problemas da educação superior brasileira. Com o uso de ferramentas tecnológicas para a geração do ensino remoto, governo, entidades públicas e privadas esperam romper o gigantesco déficit educacional e encontrar o caminho da inclusão digital na Sociedade da Informação.

Logo, vê-se que esta modalidade tem instrumentos capazes de transformar a educação brasileira, com o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC). Acredita-se que, sem o uso intensivo de tecnologia, as universidades brasileiras não terão condições de atingir todo o seu leque de formação/capacitação na educação superior. Existe uma expectativa muito grande em torno da EAD principalmente no ensino superior como se pode constatar através dos programas criados pelo Ministério da Educação, através da sua Secretaria de Educação a Distância (SEED/MEC), que vem gerenciando acções de âmbito nacional para a inserção da inovação tecnológica nos processos de ensino e aprendizagem como uma das estratégias para democratizar e elevar o padrão de qualidade da educação brasileira. Estas acções e programas visam promover o desenvolvimento e a incorporação das TIC e das técnicas de educação à distância aos métodos didático-pedagógicos convencionais. Além disso, a SEED a pesquisa e o desenvolvimento, voltados para a construção de novos conceitos e práticas nas instituições públicas brasileiras, desenvolvendo vário programas e projectos. Entretanto, para que isto realmente venha a ser uma das saídas, há necessidade de se construir um modelo consistente, com pilares bem estruturados, no que se refere aos seus aspectos epistemológicos, pedagógicos, organizacionais, tecnológicos e metodológicos. Logo, está se falando de um possível modelo pedagógico, mas qual é o real significado deste termo?

Assim neste artigo, parte-se para uma discussão acerca dos “possíveis” elementos que fazem parte dos modelos pedagógicos emergentes desta modalidade. A partir destes está sendo construído um objecto de aprendizagem para ser utilizado como instrumento norteador da aplicação de modelos pedagógicos na formação de professores para actuar em cursos de educação a distância.

2. Conceito de modelo pedagógico: alicerces para uma conceituação científica

A actividade científica procura compreender, explicar e predizer fenómenos do mundo. Por esse motivo, a ciência busca através de leis, princípios e modelos generalizar e simplificar a realidade. O conceito de modelo surge, portanto, com o viés de estabelecer uma relação por analogia com a realidade. O modelo é um sistema figurativo que reproduz a realidade de forma mais abstracta, quase esquemática e que serve de referência. Do exposto deduz-se rapidamente que modelos são construtos
sociais criados com a finalidade de expor a diferentes situações hipotéticas que  ermitam “interpretar a realidade”, visto que a mesma é impreenchível enquanto objecto, pois a realidade é uma construção social (Berger; Buckmann, 1966).

O conceito de modelo é um dos conceitos científicos mais importantes que alicerçam a atividade cientifica permitindo comparar, simular e compreender fenómenos a partir dos seus modelos. Um modelo é uma representação mental compartilhada de um conjunto de relações que definem um fenômeno que visa a melhor compreensão do mesmo.

Na educação o conceito de modelo foi erroneamente considerado sinónimo de teorias de aprendizagem como as desenvolvidas por Piaget, Vygotsky, Wallon, Roger, entre outros ou como metodologia de ensino. Embora um modelo pedagógico possa ser embasado numa ou mais teorias de aprendizagem, de forma geral os modelos são “reinterpretações” de teorias a partir de concepções individuais dos professores que se apropriam parcial ou totalmente de tais construtos teóricos imbuídos num paradigma vigente. Desta forma, o modelo construído muitas vezes recebe o nome de uma teoria (piagetiana, rogeriana, etc.) ou de um paradigma (construtivista, interacionista, etc.) sem
contanto, ter propriamente sua epistemologia embasada nos mesmos paradigmas ou teorias mencionados.
Continua

CONCEITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, CONFORME PESQUISADORES DA ÁREA

Educação a distância (Ferstudium) é uma forma sistematicamente organizada de auto­estudo onde o aluno se instrui a partir do material de estudo que Ihe é apresentado, onde o acompanhamento e a supervisão do sucesso do estudante são levados a cabo por um grupo de professores. Isto é possível de ser feito a distância através da aplicação de meios de comunicação capazes de vencer longas distâncias. O oposto de "educação a distância" é a "educação direta" ou "educação face­a­face": um tipo de educação que tem lugar com o contacto directo entre professores e estudantes. G. Dohmem (1967)
Educação/ensino a distância (Fernunterricht) é um método racional de partilhar conhecimento, habilidades e atitudes, através da aplicação da divisão do trabalho e de princípios organizacionais, tanto quanto pelo uso extensivo de meios de comunicação, especialmente para o propósito de reproduzir materiais técnicos de alta qualidade, os quais tornam possível instruir um grande número de estudantes ao mesmo tempo, enquanto esses materiais durarem. É uma forma industrializada de ensinar e aprender. O. Peters (1973)
Ensino a distância pode ser definido como a família de métodos institucionais onde as acções dos professores são executadas a parte das acções dos alunos, incluindo aquelas situações continuadas que podem ser feitas na presença dos estudantes. Porém, a comunicação entre o professor e o aluno deve ser facilitada por meios impressos, electrónicos, mecânicos ou outros. M. Moore (1973)
O termo "educação a distância" escondesse sob várias formas de estudo, nos vários níveis que não estão sob a contínua e imediata supervisão de tutores presentes com seus alunos nas salas de leitura ou no mesmo local. A educação a distância se beneficia do panejamento, direcção e instrução da organização do ensino. B. Holmberg (1977)


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A Escola e a Sociedade da Informação - Que Pedagogias para o Século XXI

E-LEARNING  

O PORQUÊ DO E-LEARNING
As organizações debatem-se actualmente com um conjunto de problemas estruturais, nomeadamente na área da gestão de recursos humanos. Estes problemas caracterizam-se por estarem relacionados com a formação de pessoal, principalmente com os custos associados a estratégias de formação credíveis.
A implementação de uma solução de e-Learning permite obter redução de custos associados com a formação, nomeadamente através de:
  • Redução dos custos de deslocações e estadias: ao acederem à informação em qualquer local, os formandos não estão limitados à sua área geográfica de actuação, da mesma maneira que são reduzidos os custos com deslocações necessárias para os locais de formação. A redução nas deslocações traduz-se também num aumento de produtividade associado à menor necessidade de se ausentar do local de trabalho;
  • Redução dos custos associados à logística de formação: os formandos poderão aceder à informação sempre que dela necessitarem, não estando obrigados à presença sujeita a marcação de hora e local. Também a disponibilização da informação online permite aos formando a consulta para esclarecimento de dúvidas ou para processos de reciclagem;
  • Acessibilidade, redução de tempo e rápida distribuição: A informação está disponível para todos os colaboradores (ou para os destinatários seleccionados) em tempo real, com uma redução do tempo de produção de alterações aos conteúdos o que permite uma rápida distribuição da informação.
A Definição de e-Learning
E-learning é uma modalidade de ensino a distância que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes tecnológicos de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculado através da internet.
Alguns termos, apesar de apresentarem certa diferença conceitual, na prática são utilizados como sinónimos de E-learning. São eles: web training, web education, educação à distância via internet, ensino controlado por tecnologia, ensino dirigido por computador etc.
Objectivos
  • Democratizar o acesso à educação;
  • Reduzir custos;
  • Aumentar a autonomia e independência do aprendiz;
  • Contextualizar o ensino;
  • Incentivar a educação permanente.
  • Aplicar recursos tecnológicos e de multimédia para o enriquecimento da aprendizagem.
Mudança
Antes de ser considerado como um instrumental tecnológico com aplicabilidade pedagógica, deve-se considerar a influência cultural do E-learning devido à sua capacidade de contribuir para a mudança no paradigma corrente relativo ao processo ensino-aprendizagem. Diferente de uma simples disponibilização de cursos pela internet ou videoconferência, o E-learning refere-se à criação de hábitos de aprendizagem distintos daqueles incentivados pelo ensino presencial, principalmente no que diz respeito ao autodidatismo.
A forte contribuição do E-learning para a mudança de paradigma educacional baseia-se na constatação de que a internet exige uma maior envolvência por parte do aluno, que deve conduzir a sua aprendizagem. No sistema presencial é notória a passividade do aluno em relação à condução do processo ensino-aprendizagem.

Obstáculos
Por mais paradoxal que possa parecer, diversas pesquisas indicam que os dois maiores obstáculos à disseminação do processo de e-learning são, primeiramente, o conservadorismo e acomodação quanto aos métodos tradicionais de aprendizagem e, segundo, a falta de hábito, de conhecimento, afinidade quanto ao uso das tecnologias utilizadas no e-learning.

Crescimento
De todas as modalidades de ensino a distância, o E-learning foi a que mais cresceu no último ano, com uma taxa de 50% de crescimento no mercado norte-americano. O ensino através de fitas VHS e CD ROM teve significativa queda no mercado no mesmo período.

Essência
Num programa de e-learning, o mais importante, segundo Marc Rosenberg, autor do livro "E-learning: strategies for delivering knowledge in digital age", é a qualidade dos conteúdos e o incentivo ao desenvolvimento de uma cultura de aprendizagem permanente.

Utilização
O e-learning começou a ser utilizado mais na área tecnológica, para a aprendizagem de software. Actualmente, a sua principal utilização tem sido na área de gestão, incluindo todos os seus temas relacionados. Na área empresarial a sua utilização para a capacitação na área de vendas e atendimento ao cliente desponta numa das mais promissoras aplicabilidades. Na área do ensino tradicional, os cursos de formação complementar e pós-graduação são os que devem beneficiar com uma maior intensidade das estratégias de e-learning.

Custos
O custo do desenvolvimento de um programa de e-learning é significativamente maior, quando comparado ao seu similar na modalidade tradicional. Entretanto, uma vez implementado, a continuidade da difusão do conhecimento através do e-learning apresenta um custo muito menor do que no modo tradicional. O e-learning permite transmitir mais conteúdos para mais pessoas em menor tempo e com menor custo.

Agilidade
Os programas de e-learning permitem uma aprendizagem mais rápida do que os tradicionais pelo facto do aluno poder avançar no conteúdo segundo seu próprio ritmo. Além disto, o aluno pode estruturar seu tempo, com um maior aproveitamento deste. Alguns especialistas acreditam que os programas de cursos através de e-learning são mais bem elaborados, do ponto de vista da agilidade, do que os tradicionais.

Contacto Humano
Muitas críticas têm sido feitas ao e-learning quanto à ausência do contacto humano directo e as deficiências geradas por tal facto. Defensores do e-learning argumentam, entanto, que a aprendizagem baseada em tecnologia compensa a falta do contacto humano directo com a criação de comunidades virtuais que interagem através de chats, fóruns, emails, etc, enriquecendo o processo relacional de pessoas com o mesmo interesse, mas com diferentes visões e localizadas em distintas regiões ou países.

Interactividade
Diversas relações estão presentes nos programas de EAD (Educação distância) e com elas todas as dificuldades oriundas do processo interactivo. As principais formas de interacção são entre tutor e aluno, aluno e material instrucional, alunos e outros alunos, alunos e comunidade de especialistas. Considerando-se que o processo de E-learning realiza-se entre humanos, a interactividade, que deve ser considerada através das mediações pedagógicas, passa a exercer um papel crítico na aprendizagem efectiva.

 
Quanto maior for a interactividade, maior será a qualidade da aprendizagem.
Formato
Os cursos através de E-learning não podem ser meras adaptações dos conteúdos ministrados em cursos presenciais. Textos muito longos devem ser transformados em diversas unidades menores de conteúdo e as formas com que estas unidades serão apresentadas deverão ser individualizadas a ponto de atender aos diferentes estilos de aprendizagem, geralmente utilizando interfaces interactivas mais eficazes. O feedback dos alunos é um importante instrumento para auxiliar na formatação dos demais cursos.

Vantagens do E-learning
- Rápida actualização dos conteúdos, Personalização dos conteúdos transmitidos, - Facilidade de acesso e flexibilidade de horários, O ritmo de aprendizagem pode ser definido pelo próprio utilizador/formando, Disponibilidade permanente dos conteúdos da formação, Custos menores quando comparados à formação convencional, Redução do tempo necessário para o formando, Possibilidade de formação de um grande número de pessoas ao mesmo tempo e Diversificação da oferta de cursos.

Desvantagens do E-learning
A tecnofobia ainda está presente em significativa parcela da população, Necessidade de maior esforço para motivação dos alunos motivação dos alunos, Exigência de maior disciplina e auto-organização por parte do aluno, A criação e o preparação do curso on-line é, geralmente, mais demorada do que a da formação, Limitações em alcançar objectivos na área afectiva e de atitudes, pelo empobrecimento da troca directa de experiência entre professor e aluno, Limitações no desenvolvimento da socialização do aluno, Dificuldades técnicas relativas à Internet e à velocidade de transmissão de imagens e vídeos, O custo de implementação da estrutura para o desenvolvimento programa de E-learning é alto.


Público-alvo
O perfil, o nível e as necessidades do público-alvo devem orientar a elaboração do programa de E-learning. A pesquisa a respeito das características e das necessidades da clientela-alvo do curso ou programa fornecerá elementos que orientarão o planeamento do processo ensino-aprendizagem.
Autodidactismo
Tido como uma das mais almejadas conquistas possíveis na relação ensino-aprendizagem, o autodidactismo passa a ser o elemento chave dos programas de E-learning. Levando isto em conta, o planeamento dos programas de E-learning deve considerar, não só as características do público-alvo, mas também a forma com que este público adquire conhecimentos e desenvolve hábitos e atitudes de estudo e aprendizagem.
Para promover e incentivar o autodidactismo, os conteúdos dos programas de E-learning devem considerar os conhecimentos anteriores do aluno e a sua experiência pessoal. Além disto, estes programas devem conter análises e sínteses, aplicabilidade dos conceitos, elementos motivadores e contextualização com os factos.

E-learning: O Ensino do próximo milênio

E-learning:

Imagine que você seja o responsável pelo setor de treinamento em uma grande empresa e, numa bela e ensolarada tarde de sexta-feira, o seu chefe lhe apareça a porta, com um singelo pedido: “Estamos lançando um novo produto no mercado e temos que treinar todos os nossos vendedores sobre as características, performance, atributos e utilização desse novo produto no prazo de dez dias”. Para tornar a coisa mais divertida, sua empresa tem alguns milhares de vendedores dispersos por todo o território nacional, desde Manaus até Porto Alegre, sendo que a sede da empresa é logo ali na Praia do Botafogo, no Rio de Janeiro; o seu orçamento para viagens e despesas com instrutores “está no osso” e, além disso; o pessoal de Finanças acha um absurdo interromper o fluxo de receita proveniente das vendas só para os vendedores assistirem cursos no Rio. 

Guardadas as proporções, este é um desafio relativamente comum para as empresas em um mercado globalizado, competitivo e em constante mutação: agregar conhecimento aos funcionários de forma extremamente rápida, eficiente e de baixo custo. É ai que entra o e-learning, o uso da Internet na propagação de conhecimento.

O que é e-learning?
Tecnicamente, o e-learning é o ensino realizado através de meios eletrônicos. É basicamente um sistema hospedado no servidor da empresa que vai transmitir, através da Internet ou Intranet, informações e instruções aos alunos visando agregar conhecimento especifico. O sistema pode substituir total ou parcialmente, o que é mais comum, o instrutor, na condução do processo de ensino. No e-learning, as etapas de ensino são pré-programadas, divididas em módulos e são utilizados diversos recursos como o e-mail, textos e imagens digitalizadas, sala de bate-papo, links para fontes externas de informações, vídeos e teleconferências, entre outras. O treinamento com o e-learning pode ser montado pela própria empresa ou por qualquer dos fornecedores desse tipo de solução já existentes no mercado. 

Vantagens do e-learning.
Quais as vantagens! A primeira vantagem do e-learning, e que serviu como exemplo no inicio desse artigo, é o rompimento de barreiras geográficas e temporais. Com o e-learning, um curso sobre um novo produto, por exemplo, pode ser feito de qualquer local do planeta a qualquer momento, bastando para isso o acesso a Internet e uma senha. Enquanto, espera ser atendido pelo comprador, o seu vendedor pode puxar o lap-top e ler o texto sugerido no curso; em casa, enquanto seu companheiro(a) perde tempo assistindo Big Brother, o vendedor pode fazer os exercícios propostos pelo instrutor.  Em síntese, o e-learning possibilita ao aluno gerenciar o seu próprio tempo disponível, dentro dos parâmetros estabelecidos pelo curso, e sem perder tempo com deslocamentos. 

Outra vantagem do e-learning está relacionada a reprodução do conteúdo. Uma vez montado o curso para um aluno, a sua reprodução para dois, centenas, ou milhares de alunos pode ser feita a um custo marginal insignificante. Com um curso tradicional, o máximo que se consegue é montar turmas de alunos, até se completar todo o universo que se pretenda atingir numa escala crescente de custos, energia e tempo dispendido.  Evidentemente, isso sugere que, para poucos alunos, talvez um treinamento convencional seja a solução mais adequada que o e-learning. Por outro lado, pensando em termos de políticas públicas de ensino, onde o universo se mede não em milhares, mas em milhões de candidatos à instrução, é possível que o e-learning, venha a representar uma verdadeira revolução na geração de conhecimento.

É importante ressaltar, que o e-learning não veio para substituir o ensino tradicional, da mesma forma que a Internet, não substitui a TV que, por sua vez, não fez desaparecer o rádio. O e-learning é uma nova ferramenta potencializada pela Internet e perfeitamente ajustada às características de nosso tempo, marcado pela agilidade, velocidade e gigantescos volumes de informação a serem digeridos. No que se refere às empresas, o objetivo não deve ser simplesmente substituir a forma de ensino tradicional pelo e-learning, mas sim, utilizar essa ferramenta na medida adequada às suas necessidades. De tal forma que os objetivos da organização sejam plenamente atingidos.
Dailton Felipini é mestre e graduado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Professor de comércio eletrônico na Universidade Mackenzie. Pesquisador, especialista em e-commerce, consultor e editor do site www.e-commerce.org.br.